Após demissões em massa em Sena Madureira, caos toma conta da cidade

Pelo segundo dia consecutivo, as unidades básicas de saúde de Sena Madureira não estão oferecendo atendimentos à população.

Em reunião mantida esta semana, os enfermeiros, que também são os coordenadores das unidades, resolveram suspender, por tempo indeterminado, os atendimentos ao público, alegando falta de condições de trabalho.

Unidade de saúde Elson Damasceno, em Sena Madureira
 Quem procura atendimento está dando viagem perdida. “A situação atual é alarmante. Vim em busca de uma consulta, mas cheguei aqui e não tinha ninguém para me atender. As pessoas têm que entender que saúde está em primeiro lugar e quem está doente não pode esperar”, desabafou Francisco do Pólo, morador.

No Centro de Saúde Élson Damasceno Lopes, destinado a atender somente os moradores da zona rural, a situação também é bastante complicada para quem procura uma assistência médica.

Moradores dos seringais, que não foram informados da paralisação das atividades, tiveram um prejuízo bem maior.

“Hoje esteve aqui de manhã uma moradora do seringal Oriente, rio Iaco, e não foi atendida”, contou uma funcionária.

Todas as unidades estão de portas abertas, mas os profissionais cumprem somente a carga horária.

“Nós fomos obrigados a suspender o atendimento ao público devido à falta de higiene na unidade. Não temos ninguém para fazer a limpeza; além disso, faltam profissionais para outras áreas. Tivemos que suspender todo o serviço de enfermagem e não há previsão de quando será normalizada a situação”, comentou o enfermeiro Ézio Holanda, que coordena a unidade de saúde do bairro do Bosque.

Nas escolas públicas, sujeira toma conta das salas de aula Lixo acumulado nos corredores das escolas públicas de Sena Madureira
Sem atendimento nas unidades de saúde do município, os moradores estão recorrendo ao Hospital João Câncio Fernandes.

“Realmente, a demanda de atendimentos tem aumentado. Temos procurado manter dois médicos de plantão para amenizar a situação”, confirmou Carlos Souza, gerente interino do hospital.


Segundo Distrito

No bairro Segundo Distrito, os moradores têm enfrentado outro problema: o deslocamento até o primeiro distrito. “A insatisfação da comunidade é grande. Só queremos que as autoridades competentes tomem alguma providência, pois estamos sofrendo bastante”, declarou Raimundo Nonato, o “Louro”, presidente do bairro Niterói, Segundo Distrito.

Raimundo Nonato, o Loro, presidente do bairro Niterói, no Segundo Distrito de Sena Madureira
Educação

Na área da educação, as conseqüências do afastamento dos servidores provisórios e temporários também estão sendo sentidas. Em algumas escolas, os alunos estão sendo liberados mais cedo.

Na Escola Maria de Fátima, localizada no bairro da Pista, a limpeza das salas de aulas está a cargo dos próprios professores e da diretora.

“Mesmo assim, o acúmulo de lixo é grande. Hoje, as mães das crianças nos ajudaram a limpar parte da escola. A merenda está sendo preparada por funcionárias da Secretaria de Educação, que deixaram seus afazeres e estão nos ajudando. Fazemos um apelo ao prefeito e às autoridades para que revejam essa situação”, disse a professora Francisca Andrade, gestora da escola.


Afastamento dos servidores

Recentemente, uma decisão da Justiça de Sena Madureira determinou o afastamento de todos os servidores provisórios e temporários da prefeitura do município.

A Justiça atendeu um pedido do Ministério Público, que por sua vez alega ter detectado irregularidades por parte da prefeitura, na forma de contratação desses servidores, que não foi feita por meio de concurso público, principal argumento.

O prefeito Nílson Areal (PR), por meio de sua assessoria jurídica, impetrou um agravo junto ao Tribunal de Justiça do Acre para que ao menos parte destes servidores seja recontratada. A prefeitura ainda aguarda uma decisão.

Edinaldo Gomes.