Com seis torres instaladas em órgãos públicos de Rio Branco e 180 equipamentos de transmissão, a cidade já possui sinal de internet wi-fi em toda sua região. Porém, a rede sem fio só consegue ser acessada nos 500 metros em torno dos pontos. Por isso, os moradores que querem colocar web gratuita em casa precisam comprar uma antena com apenas uma entrada USB – para um computador –, que custa cerca de R$ 200.
Para instalar a antena em casa, o usuário precisa contratar um técnico. O governo apenas disponibiliza canais para que o cidadão faça a sua reclamação e telecentros, que ajudam os usuários a usar a internet. “Muitas casas colocam a antena de uma forma errada. Ou ela está torta, ou está apontando para baixo ou para a direção errada”, explica Rodrigo Souza, coordenador do Floresta Digital.
Aldecy Mendonça Soares, de 40 anos, e Lúcia Regina Soares, 33, reclamam da qualidade de conexão. Eles compraram a antena do Floresta Digital em novembro de 2010, porém, até agora, mal conseguiram usar. “Estamos tendo que ir em lan house. Quando a internet entra, fica disponível por 30 minutos, depois já cai”, diz Aldecy. O casal, que antes compartilhava internet banda larga com outro vizinho que se mudou, chega a ficar mais de três semanas sem entrar na rede.
Lúcia diz que já perdeu trabalho por causa da instabilidade da internet. “Hoje em dia, nem abrimos mais porque sabemos que não vai funcionar”, diz. “Estamos pensando em comprar um modem de uma operadora. Sinto falta de ter internet em casa. Sempre leio notícias e escuto música”, conta Aldecy. Eles contam que os vizinhos mais próximos entram 100% na web, sem problema algum. A casa deles está muito próxima a um ponto de transmissão. O problema está na má instalação da antena, que foi feita por um técnico que jamais voltou para consertar o problema.
Evanisse Correia da Silva, de 26 anos, instalou o Floresta Digital há quatro meses e nunca teve problemas. Morando em um bairro sem saneamento básico, Evanisse conta com internet desde que comprou seu primeiro computador. Ela viu a necessidade de estar conectada depois que voltou a estudar. “Eu nunca tinha entrado na web antes. Não tinha e-mail, nem Orkut e MSN”, conta.
Para se comunicar com os amigos, Evanisse usava apenas o celular. “Todo mundo que eu conheço mora muito perto”, explica. Na escola de Ensino Médio, os professores pedem que os alunos realizem pesquisas na web. Para não ir em lan house, Evanisse optou por comprar um PC. Mas boa parte de seus colegas ainda não têm o aparelho em casa.
Mesmo com o Floresta Digital no quarto, Angelina Ferreira da Silva, de 19 anos, ainda prefere passar o tempo na frente da TV. “Como não é sempre que a rede está rápida, prefiro assistir a programas na televisão”, conta a estudante, que ainda não criou uma conta de e-mail. O marido instalou o Floresta Digital em casa como sugestão do vizinho, que disse que a internet "pegava" muito bem. “Mas já ficamos alguns dias sem acessar. Quando chove, não conseguimos entrar de jeito nenhum”, diz..
Mirla da Silva Moreira, de 27 anos, tem uma lan house em Rio Branco há 5 anos e o movimento no local ainda é muito bom. “Em alguns horários, chega a ficar sem espaço disponível”, conta. “Acho que o Floresta Digital não supriu todas as necessidades do público. Muita gente ainda vem na lan house para baixar arquivos que não consegue fazer em casa, porque a internet é lenta”, conta.